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Janeiro 30, 2025

HPV - Vírus do Papiloma Humano: O que precisa saber

Saiba tudo sobre o HPV (Vírus do Papiloma Humano) e como prevenir as infeções através da vacinação e rastreio regular. Descubra sintomas, tratamentos e como combater o estigma associado. Informação essencial sobre o cancro do colo do útero em Portugal.

HPV – Vírus do Papiloma Humano: O que precisa saber:

 

O HPV, ou Vírus do Papiloma Humano, é um vírus que é responsável por um elevado número de infeçõessexualmente transmissíveis. É muito provável que a maioria das pessoas entre em contacto com este vírus em algum momento da vida. Muitas vezes, o corpo consegue eliminar a infeção sozinho. Mas em alguns casos, o vírus pode permanecer e causar problemas sérios.

O que é o HPV e como se espalha?

O HPV é um vírus que se transmite pelo contacto intímo entre a pele e as mucosas, muitas vezes durante relações sexuais, seja vaginal, anal ou oral. Pode-se transmitir o vírus mesmo sem sintomas visíveis, o que facilita a sua disseminação.

Existem mais de 200 tipos de HPV, com cerca de 40 afetando a área genital. Dividem-se em duas categorias:

  • Estirpes de baixo risco: causam lesões benignas, como verrugas genitais.
  • Estirpes de alto risco: podem levar a lesões pré-cancerígenas e cancro, especialmente no colo do útero, mas também em outras partes como vulva, vagina, pénis, ânus e Orofaringe. 

As infeções podem ser transitórias ou persistentes:

  • Muitas infeções desaparecem devido ao sistema imunitário em 1 a 2 anos.
  • Se a infeção persistir, principalmente por estirpes de alto risco, pode evoluir para lesões pré-cancerígenas e até cancro.

HPV e cancro do colo do útero

Quase todos os casos de cancro do colo do útero estão ligados a uma infeção persistente por HPV, especialmente os tipos 16 e 18, que causam cerca de 70% das ocorrências a nível mundial.

É importante saber que:

  • Nem todas as mulheres com HPV terão cancro.
  • Fatores como tabagismo,imunossupressão e a exposição prolongada ao vírus aumentam os riscos.

Em Portugal, registam-se cerca de 900 novos casos de cancro do colo do útero anualmente. É uma das principais causas de morte por cancro em mulheres jovens. Embora a vacinação e os exames tenham ajudado a diminuir esses números, ainda há muito trabalho pela frente.

Sintomas e diagnóstico das Infeções por HPV

A maioria das infeções por HPV não apresenta sintomas, então muitas pessoas desconhecem que estão infetadas. Quando presentes, os sintomas podem incluir:

  • Verrugas genitais: pequenas elevações na pele.
  • Lesões na orofaringe: causam desconforto e dificuldade para engolir.
  • Em casos mais avançados, sintomas relacionados com cancros, como hemorragias anormais, dor ou perda de peso.

Como se proteger do HPV?

Existem duas formas de se proteger: vacinação e rastreio.

Prevenção Primária: Vacinação

A vacina contra o HPV é a forma mais eficaz de evitar a infeção. As vacinas disponíveis

 protegem contra os tipos mais perigosos.

  • Estudos demonstram que a vacinação reduz em 90% o risco de infeção pelos tipos 16 e 18.
  • Dados recentes demonstram também que  diminui em 85% o risco de lesões pré-cancerígenas.
  • Em regiões com alta cobertura vacinal, já se observa a diminuição de cancro relacionado ao HPV.

Vacinação em Portugal

No Programa Nacional de Vacinação, a vacina do HPV 

é gratuita para raparigas e rapazes aos 10 anos de idade. Vacinar os rapazes também ajuda a diminuir a transmissão na comunidade.

Outras formas de manter o sistema imunitário saudável:

  • Alimentação equilibrada rica em frutas e vegetais.
  • Exercício físico regular.
  • Evitar fumar e consumir álcool.

Prevenção Secundária: Rastreio

Checks regulares são essenciais para detectar lesões precoces.

Rastreio do cancro do colo do útero em Portugal:

  • A partir dos 25 anos: realizar um exame citológico (Papanicolau) e/ou teste de HPV.

Lembre-se: quem tomou a vacina também deve realizar o rastreio, pois a vacina não cobre todos os tipos do vírus.

Tratamento das lesões causadas pelo HPV

O tratamento depende do tipo e gravidade da lesão:

  • Lesões benignas (verrugas): podem ser tratadas com pomadas, crioterapia, laser ou cirurgia.
  • Lesões de baixo grau: geralmente desaparecem sozinhas e só precisam de ser monitorizadas. Em alguns casos pode ser necessário intervir, especialmente quando causam sintomas como o desconforto ou ansiedade, ou se forem persistentes.
  • Lesões de alto grau: podem necessitar de remoção cirúrgica para evitar cancro.

Nos casos mais graves, onde o cancro já está presente, o tratamento pode envolver cirurgia, quimioterapia ou radioterapia.

Educação e Combate ao Estigma

Embora o HPV seja comum, ainda há muito estigma em torno dele. Muitas pessoas associam-no a comportamentos de risco, o que leva à desinformação e medo.

É importante esclarecer:

  • Qualquer pessoa sexualmente ativa pode ser infetada com HPV.
  • Ter HPV não significa ser promíscuo.
  • A vacinação e os exames são essenciais para a prevenção.
  • A consulta regular com o seu médico ginecologista para um acompanhamento especializado.

Conclusão

O HPV é um vírus extremamente comum, mas com estratégias preventivas eficazes, como a vacinação e o rastreio regular, é possível reduzir significativamente o impacto desta infeção. É essencial que a população esteja informada e recorra a cuidados de saúde de forma regular, promovendo não só a sua saúde, mas também a saúde da comunidade. Com educação, prevenção e tratamento adequado, podemos continuar a combater os efeitos do HPV e a melhorar a saúde pública.

Artigo escrito em colaboração com a Dra. Raquel Robalo (Médica Ginecologista)

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